Sinopse
O legado de Stanley Kubrick para o cinema é imensurável. Sua obra e seus filmes são estudados por admiradores e cineastas, todos em busca de respostas que o diretor foi notoriamente reticente em dar. Embora ele esteja entre os cineastas mais importantes que já existiram, a chance de ouvir as próprias palavras de Kubrick era algo muito raro. Por meio de Michel Ciment, crítico de cinema e especialista em Stanley Kubrick, temos acesso a uma série de entrevistas feitas com o realizador durante cerca de 30 anos.
Juntamente com arquivos cedidos pela família de Kubrick, o filme traça um retrato particular de um dos cineastas mais emblemáticos de todos os tempos. Direção de Gregory Monro.
Crítica
Com 40 anos de carreira, o cineasta, roteirista, produtor e fotógrafo norte-americano Stanley Kubrick realizou 13 filmes, e foram os melhores em suas categorias. Do Épico ao Humor Ácido, Kubrick deu a vida a histórias de livros emblemáticos como Lolita e 2001 – Uma Odisseia no Espaço.
O documentário ocorre dentro do quarto do final de 2001 enquanto passamos pelos objetos simbólicos dos filmes realizados, e a cada objeto em cena uma história é narrada pelos atores e equipe técnica que trabalhou com ele nas épocas de filmagem. Começando com uma entrevista com o crítico que conseguiu uma entrevista exclusiva com o diretor, algo extremamente raro, explicando como e por quê foi escolhido.
Narrado por Kubrick a partir desta e outras entrevistas nós conseguimos raspar um pouco da mente desorganizadamente organizada do diretor. Testemunhos que expõe os perigos de trabalhar com ele também são ponto forte do documentário ao serem falados não com medo ou raiva e sim, com alívio de saber que valeu a pena. Era outra época, não podemos nos esquecer disso.
Não há muito que um fã árduo de Kubrick não saiba, mas a forma de expor do filme com certeza é seu diferencial. Vemos Kubrick narrando ao mesmo tempo em que o vemos em set de filmagens o que torna o documentário não um doc que enaltece alguém que já não está entre nós e sim, o doc que nos faz esquecer disso.
Conforme evoluímos na filmografia do diretor, os objetos no quarto vão aparecendo. Seja um capacete de “Nascido para Matar”, a máscara de “De olhos bem fechados” em cima de uma cama ou a cadeira de rodas de “Dr. Fantástico”, temos junto a tudo isso uma mesa que serve como um conforto enquanto ouvimos Kubrick discorrer sobre seus pensamentos e vida. Esquecemos neste momento que as cadeiras da mesa estão vazias e vemos ali um entrevistador e um entrevistado.
“Kubrick por Kubrick” cumpre seu papel em expor em forma de entrevista a carreira do diretor que saiu de uma revista para trabalhar atrás das telas de cinema quando jovem, porém, o filme ainda fica com um ar de que está faltando algo ao passar rapidamente por filmes menos famosos (perto dos outros de sua carreira) como “Glória feita de Sangue”. Talvez seja a falta de material, talvez seja a falta a interesse de Gregory Monro, nunca saberemos, mas se isso não for um empecilho para você expectador, eu recomendo fortemente este documentário em sua agenda da Mostra 2020.
