Os inventados (Los Inventados), Argentina, 2021, 90 min. Direção e roteiro de Leo Basilico, Nicolás Longinotti, Pablo Rodríguez Pandolfi.
Visto durante a 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo durante a Competição de Novos Diretores.
Sinopse
Durante um fim de semana, Lucas participa de um workshop de atuação em que todos precisam fingir ser outra pessoa. Porém, a cada dia que passa, um participante desaparece sem deixar vestígios de sua existência e Lucas parece ser o único a se dar conta disso. Será que todos têm uma tarefa diferente da sua? Ou ele também poderá desaparecer misteriosamente?
Crítica de “Os inventados”
“em um momento acordei, não do sonho, mas dentro do sonho”
“Os Inventados” do trio Leo Basílico, Nicolás Longinotti e Pablo Rodriguez Pandolfi entram na psique de um ex-ator mirim que está estagnado na vida. Sua sinopse já é o suficiente para vender o filme, um thriller psicológico em que por diversas vezes em seu início possui uma montagem Lynchiana com a descrença entre realizada x sonho e que retorna ao final quando nosso protagonista (re)aparece na nossa frente.
A montagem do filme é alucinante, como se fosse um sonho onde não lembramos exatamente da sequência que vemos, somente cortes abruptos, ruídos, e se formos para a ciência do sonho propriamente dito, nós só conseguimos sonhar com aqueles que já vimos uma vez na vida então o fato de Lucas ver uma mulher em seus sonhos e conhecê-la no workshop é um truque incrível em diversas maneiras, algo que volta nos instantes finais do filme.
Este filme seria um forte candidato ao “melhor da mostra” se não fosse sua inconsistência, realizado a três mãos, nós como expectador conseguimos distinguir que a narrativa muda em determinados momentos, por vezes vemos um thriller onde o não dito se torna gritante, outras vezes acompanhamos o nascer de uma paixão para depois o filme se tornar sobre a cura da criança interior com a criação de uma nova família logo após descobrir um único fato sobre a vida do protagonista.
“Os Inventados” pode ser um pouco desafiador para aqueles que buscam resposta fáceis, o trio consegue instigar para que o expectador se torne um expectador ativo e não somente uma pessoa que está vendo um filme por ver. Mas essa façanha se torna um desafio quando a própria realização das ações cai na repetição de fatos e momentos que são distantes do protagonista Lucas. Parece que nós nos importamos mais com o que está acontecendo do que podem nos entregar.
Muitas escolhas feitas pelo roteiro também caem no esquecimento, pessoas desconfiadas simplesmente ignoram sua descrença para dar espaço para conversas amigáveis, e depois o fato de pessoas desaparecerem ser um ponto de urgência também se torna algo supérfluo, o divertimento em saber imaginar quem será o próximo a desaparecer ou porque se torna repetitivo, isso porque são só quatro pessoas mais o protagonista. O filme volta a ter uma continuação quando estamos próximos ao final, em que através de cortes parecidos como os do início.
O cinema argentino sempre vai valer a pena ser visto, e esse filme não é uma exceção. Ele tem seus problemas, mas ainda assim é um filme interessante e vai fazer você pensar por alguns dias sobre o que é sonho e o que é real, ou melhor, o que é autuado ou não.
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