O cinema de invenção é tema na Mostra Brasil em Transe

O Ministério da Cultura, a Cinemateca Brasileira, a Sociedade Amigos da Cinemateca e o Cinusp apresentam a mostra Brasil em Transe com mesas e debates de obras cinematográficas que marcaram as décadas de 60 e 70 mudando a forma de pensar das gerações.
 
A Mostra também se propõe a repor o debate cultural a partir do cinema brasileiro e a analisar a história sociopolítica do Brasil para que se reflita sobre a nossa história recente. Incluindo o filme “Terra em Transe” de Glauber Rocha sobre a situação nacional após o golpe civil militar.
 
Quando: de 16 à 25.11
Quanto: grátis com retira de ingresso com 1h de antecedência
Onde: Cinemateca Brasileira e Cinusp Paulo Emilio
 

Programação Cinemateca

 

16.11 Quinta

20h30 – Terra em transe (dir. Glauber Rocha, 1967, 105 min, 14 anos)
Em Eldorado, o poeta e jornalista Paulo Martins, beira da morte, rememora sua participação em lutas políticas. Dividido entre dois aspirantes ao poder e manipulado pela multinacional Explint, ele agoniza, sem conseguir solucionar as contradições de Eldorado e as suas, ao tentar equacionar de forma conseqüente poesia e política. Prêmio FIPRESCI no Festival de Cannes.
 

17.11 Sexta

20h – A Margem (dir. Ozualdo Candeias, 1967, 96 min)
Na favela, às margens do rio Tietê, duas trágicas histórias de amor. Dois casais que a sociedade ignora e que, em meio à miséria e à luta pela sobrevivência, tentam se encontrar através do sentimento. Os personagens evoluem entre a vida da favela, com seus pequenos golpes pela sobrevivência, e a existência no submundo paulista, que deteriora qualquer tentativa de ligação amorosa. Sem esperanças, sintetizam a visão trágica de sua realidade social.
 

18.11 Sábado

16h – Terra em transe (dir. Glauber Rocha, 1967, 105 min, 14 anos)
Em Eldorado, o poeta e jornalista Paulo Martins, beira da morte, rememora sua participação em lutas políticas. Dividido entre dois aspirantes ao poder e manipulado pela multinacional Explint, ele agoniza, sem conseguir solucionar as contradições de Eldorado e as suas, ao tentar equacionar de forma conseqüente poesia e política. Prêmio FIPRESCI no Festival de Cannes.
18h – Mesa redonda “Terra em Transe” com Leandro Saraiva, Thales Absaber e Ilana Feldman
Ao comemorarmos 50 anos do lançamento de Terra em transe de Glauber Rocha, muitas questões em torno desta obra seminal ainda permanecem atuais: sua instigante construção narrativa; o filme como uma forma de análise metafórica do país naqueles tempos e na atualidade; 1967 e o contexto histórico de uma efervescência cultural que influenciou as gerações futuras.
20h – O Desafio (dir. Paulo César Saraceni, 1964, 100 min)
Um jornalista, amargurado com o fracasso de sua crença na revolução popular, a perseguição, prisão e tortura de seus amigos, vê ruir também o seu caso amoroso com uma mulher burguesa. Concebido e realizado logo após o golpe de Estado de 1964, o filme estuda o desnorteio e a perplexidade das esquerdas com o início da ditadura civil militar, em paralelo à efervescência artística e intelectual em curso naqueles anos. Vencedor dos prêmios Torre-Nilson e Revista Cinema Novo no Primeiro Festival Internacional do Filme, em 1965, no Rio de Janeiro, e do Prêmio Historiadores do Cinema Mundial no Festival de Cannes de 1965.
 

19.11 Domingo

17h – O bandido da luz vermelha (dir. Rogério Sgarzela, 1968, 92 min)
Marginal paulista coloca a população em polvorosa e desafia a polícia ao cometer seus crimes desconcertantes. Numa de suas incursões, conhece a provocante Janete Jane, famosa em toda a Boca do Lixo, por quem se apaixona. Clássico do cinema moderno brasileiro que toma como ponto de partida um caso policial de grande repercussão à época de sua realização. Sônia aparece como uma das vítimas.
19h – Os Herdeiros (dir. Carlos Diegues, 1969, 95 min)
Jorge Ramos é um jornalista ambicioso, que se casa por interesse com Eugênia, a filha de um arruinado fazendeiro de café. Com a volta da democracia, em 1946, ele retorna à cidade grande e se transforma, aos poucos e às custas de constantes traições, em um político poderoso. Até que seu próprio filho vinga suas vítimas. Grande painel histórico de Carlos Diegues, com elenco repleto de participações especiais.
 

23.11 Quinta

20h – Hitler terceiro mundo (dir. José Agripino de Paula, 1968, 90 min)
Paranoia, culpa, desejo frustrado, miséria e tecnologia no país subdesenvolvido. Narrativa fragmentária, enquadramentos distorcidos, gritos e ruídos. O nazismo toma conta da cidade de São Paulo: prisão e tortura de revolucionários, um samurai perdido no caos, amantes trancafiados, o ditador e sua corja de bárbaros conservadores.
 

24.11 Sexta

20h – Bang-bang (dir. Andrea Tonacci, 1971, 80 min)
“Homem-macaco” é perseguido por uma quadrilha de criminosos bizarros neste filme policial satírico, estruturalmente livre, rodado na Belo Horizonte do início dos anos 1970. Brilhante ficção de cinema sobre o cinema e um dos marcos do cinema brasileiro. Grande interpretação de Paulo César Pereio.
 

25.11 Sábado

16h – Sem essa Aranha ( dir. Rogério Sganzerla, 1970, 102 min)
Aranha, o último representante da burguesia nacional, mais parecido com um malandro decadente, vive dividido entre três mulheres: uma loira, uma morena e outra negra. Ao fazer uma reflexão sobre o Brasil, exila-se no Paraguai, onde frequenta boates e inferninhos em um ambiente que remete aos morros cariocas.
18h – Mesa redonda “Cinema de Invenção” com Felipe Moraes, Fábio Camarneiro, Eugenio Puppo e Patrícia Mourão
No final da década de 1960 e nos primeiros anos de 1970, o chamado Cinema de Invenção produziu uma visão vertical da realidade brasileira construindo uma das mais originais e criativas filmografias do cinema
20h – O vampiro da Cinemateca (dir. Jairo Ferreira, 1977, 64 min)
Um “cinepoeta” condenado ao exílio pela ditadura civil militar é convidado a embarcar num disco voador. Frases, trechos de filmes e sequências ficcionais constroem um grande afresco do universo poético do autor de Cinema de Invenção.
 

Programação Cinusp

 

21.11 Terça

16h – Lilian M: Relatório Confidencial (dir. Carlos Reichenbach, 1981, 100 min)
Maria abandona o marido lavrador e os dois filhos pequenos seduzida por um caixeiro-viajante, sofre um trágico acidente de carro e segue sozinha para tentar a vida em São Paulo. Perdida, é presa sem documentos, mas uma assistente social arruma-lhe emprego na casa do industrial Braga. O dois tornam-se amantes e Maria é rebatizada de Lilian. Do campo à cidade, do concubinato à prostituição, da opulência à marginalidade, Maria / Lilian retorna às origens para reaver sua família.
19h – Agrippina é Roma Manhattan (dir. Hélio Oiticica, 1972, 23 min)
Na imponente arquitetura de Manhattan e Wall Street, como numa Roma neoclássica, uma mulher de vermelho e personagens airosos tentam a sorte, postados ambiguamente entre o mais mundano afã e alguma transcendência mítica. Exibição seguido de debate.
 

22.11 Quarta

16h – Meteorango Kid – O Herói Intergalático (dir. André Luiz de Oliveira, 1969, 85 min)
As aventuras de Lula, um estudante universitário, no dia do seu aniversário. De forma absolutamente despojada, anárquica e irreverente, mostra sem rodeios o perfil de um jovem desesperado, representante de uma geração oprimida pela ditadura militar e pela moral retrógrada de uma sociedade passiva e hipócrita. O anti-herói intergaláctico atravessa esse labirinto cotidiano através das suas fantasias e delírios libertários, deixando atrás de si um rastro de inconformismo e um convite à rebelião em todos os níveis.
19h – O Anjo Nasceu (dir. Júlio Bressane, 1969, 90 min)
Dois bandidos saem pela cidade cometendo atos de violência. Santamaria, místico, acredita que assim está se aproximando de um anjo que lhe limpará a alma. Urtiga, um marginal ingênuo, segue os passos do amigo, acreditando também no anjo da salvação.
 

23.11 Quinta

16h – Macunaíma (dir. Joaquim Pedro de Andrade, 1969, 108 min)
Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum caráter. Ele nasceu na selva e de preto, virou branco. Depois de adulto, deixa o sertão em companhia dos irmãos. Macunaíma vive várias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, policiais, personagens de todos os tipos.
19h – O Brasil (dir. Rogério Sgarzela, 1981, 12 min)
O registro dos bastidores da gravação do disco Brasil, de João Gilberto, de 1981, com a presença de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia no estúdio. Dorival Caymmi, Ary Barroso, Grande Otelo e Eros Volúsia, em performances raras, e Orson Welles, no Carnaval do Rio, completam este curta, que apresenta uma imagem singular do país. Exibição seguido de debate.
 

24.11 Sexta

16h – Desesperato (dir. Sérgio Bernardes Filho, 1968, 85 min)
Um escritor deixa seu lar para realizar pesquisas literárias nos cenários mais obscuros do país. Inconformado com o atual cenário nacional, o historiador junta-se a um líder político gerando sérias consequências.
19h – Fome de Amor (dir. Nelson Pereira dos Santos, 1968, 73 min)
Recém-casados em Nova York, Mariana e Felipe decidem voltar para o Brasil e ir morar na ilha que Felipe diz ser dele. Chegando lá, encontram a jovem Ulla, esposa do verdadeiro proprietário da ilha, Alfredo. Entre os dois casais, então, passa a surgir uma relação de ódio, paixão e sexo.
 

27.11 Segunda

16h – Triste Trópico (dir. Arthur Omar, 1974, 75 min)
Triste Trópico (título que faz alusão ao livro de Claude Lévi-Strauss) conta a trajetória do médico Arthur, que após estudar na Europa, volta ao Brasil e acaba se transformando em uma figura messiânica. Seus passos são narrados pela voz, por vezes irônica, de Othon Bastos, mesclando-se com as imagens documentais trazidas pelo diretor Arthur Omar.
19h – O Homem do Pau Brasil (dir. Joaquim Pedro de Andrade, 1981, 119 min)
O jornalista e escritor Oswald aparece como duas pessoas, um homem e uma mulher. Ele é casado com Lalá mas cai de amores pela jovem Doroteia, a quem tenta lançar a carreira de bailarina no cenário artístico. Com outros companheiros artistas ele agita a Semana de Arte Moderna de 1922. Conhecendo a artista milionária Branca Clara, parte com ela para Paris a bordo de um navio a vapor. Ao retornar, traz com ele o poeta francês maneta Blaise Sans Bras que deseja fazer um filme com financiamento do governo paulista mas os planos são interrompidos pela revolução militar. Ele inicia o movimento antropofágico e se envolve com o operariado comunista, quando conhece seu novo amor Rosa Lituana. Por fim ele adere ao naturismo.
 

28.11 Terça

16h – O Rei da Vela (dir. José Celso Martinez Corrêa, 1982, 160 min)
O Rei da Vela junta imagens alegóricas e trechos de filmes com a remontagem feita da peça em 1971. A montagem de “O Rei da Vela”, que marcou a reabertura do Oficina após ter sido incendiado em 1966, rodou o Brasil e marcou a carreira de Zé Celso e de Renato Borghi.
19h – Blábláblá (dir. Andrea Tonacci, 1968, 26 min)
Um ditador, num momento de uma grave crise nacional e institucional, confrontado na cidade e no campo por revoltas e guerrilha, faz um longo pronunciamento pela televisão numa busca de uma paz ilusória. Mas a realidade impõe-se à sua ficção e o controle da situação escapa-lhe das mãos. Sobra-lhe uma patética confissão antes de ser tirado do ar. Exibição seguido de debate.
 

29.11 Quarta

16h – Loki – Arnaldo Batista (dir. Paulo Henrique Fontenelle, 2007, 120 min)
Biografia do músico Arnaldo Baptista, ex-integrante de Os Mutantes, contada por meio de um quadro traçado pelo próprio artista. A narrativa é intercalada com imagens históricas que remetem aos principais momentos de sua trajetória artística.
19h – Belair (dir. Bruno Safadi e Noa Bressane, 2009, 80 min)
Belair Filmes foi a produtora criada por Júlio Bressane e Rogério Sganzerla que, entre fevereiro e maio de 1970, realizou sete filmes de longa metragem. Belair é uma historia do cinema. Interditados pela censura da época estes filmes de ficção são uma desconhecida e reveladora máscara-espelho daquele período sombrio. Uma escavação ótica traz estes fotogramas clandestinos a luz. A montagem projeta o esforço experimental destes cineastas em tornar o invisível visível , move as peças de um xadrez de ficções , de energias, de histórias.
 

30.11 Quinta

16h – Uma Noite em 67 (dir. Ricardo Kalil e Renato Terra, 2010, 93 min)
Final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Entre os finalistas, estavam Chico Buarque e MPB 4; Caetano Veloso; Gilberto Gil e os Mutantes; Roberto Carlos; Edu Lobo; e Sérgio Ricardo. Com imagens de arquivo e apresentações de músicas hoje clássicas, o filme registra o momento do tropicalismo, os rachas artísticos e políticos na época da ditadura e a consagração de nomes que se tornaram ídolos.
19h – Documentário (dir. Rogério Sgarzela, 1966, 11 min)
Dois jovens sem nada para fazer caminham e conversam pela cidade de São Paulo discutindo se vão ou não ao cinema. Exibição seguido de debate.
 

01.12 Sexta

16h – Evoé! – Retrato de um Antropófago (dir. Elaine Cesar e Tadeu Jungle, 2011, 110 min)
Um filme que mistura depoimentos e imagens históricas da carreira do diretor, ator e dramaturgo Zé Celso, do Teatro Oficina. O documentário usa como base quatro viagens a pontos chave da trajetória do Zé: Sertão da Bahia, Praia de Cururipe, em Alagoas (onde o Bispo Sardinha foi devorado), Epidaurus e Atenas, na Grécia, e o apartamento de São Paulo.
19h – Hélio Oiticica (dir. Cesar Oiticica Filho, 2012, 101 min)
Hélio Oiticica foi um dos artistas que melhor uniu a reflexão com a criação artística. Suas ideias e proposições, expressas não apenas em textos, mas também em depoimentos e entrevistas, revolucionaram a arte e a cultura, tornando-o um dos mais importantes artistas da segunda metade do século XX. O documentário de César Oiticica Filho, ao utilizar a própria voz do artista como fio narrativo, permite um mergulho único no pensamento, na trajetória e na intimidade de Hélio Oiticica postados ambiguamente entre o mais mundano afã e alguma transcendência mítica.
 
Para saber mais: Terra em Transe Cinemateca Brasileira  / Terra em Transe Cinusp
 
 


Cinemateca Brasileira: Cinemateca Brasileira: Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino, tel. 11 3512.6111
Sala Cinusp Paulo Emílio: Rua do Anfiteatro, 181 – Colméia favo 4. São Paulo – SP CEP: 05508060 – tel (11) 3091-3540
Carateca, amante de cinema, revisora e tradutora de inglês e italiano. Amo como minha profissão me conecta aos meus hobbies e com o FilmeSP conecto as pessoas aos festivais de cinema que acontecem em SP mas que são dificilmente divulgados.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Back To Top