[45° Mostra SP] Higiene Social (Hygiène Sociale)

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Higiene Social (Hygiène Sociale), 2021, 75 minutos
Vencedor do prêmio de melhor direção na seção Encontros do Festival de Berlim. Direção e Roteiro de Denis Côté, fotografia de François Messier-Rheault, montagem de Nicolas Roy.

Visto durante a 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo durante a Perspectiva Internacional

Sinopse

Antonin é uma espécie de dândi. Seu talento com as palavras poderia ter feito dele um escritor famoso, mas, ao invés disso, ele se vale de sua habilidade para livrar-se de problemas. Dividido entre a angústia de fazer parte da sociedade, ao mesmo tempo em que pretende escapar dela, seu charme e sua inteligência serão desafiados por cinco mulheres que estão prestes a perder a paciência com sua maneira de lidar com a vida: sua irmã, sua esposa, a mulher que ele deseja, uma coletora de impostos e uma vítima de suas atitudes.

Crítica

“Higiene Social” pode parecer um filme feito em período pandêmico, porém, foi escrivo alguns anos antes da pandemia do COVID-19 e seu estilo é atual em forma e desenvolvimento.

Através de atos que são separados pelos locais bucólicos, um jovem ladrão chamado Antonin que não tem muito o que perder se molda na frente de 5 mulheres que são diferentes entre si: sua irmã, sua esposa, sua amante, uma burocrata que quer prendê-lo e uma vítima de seus roubos que se mostra mais parecida com ele que as anteriores.

Antonin, um homem bem articulado, usa as palavras para procurar razões e desculpas pela sua falta de comprometimento com as pessoas ao seu redor e consigo mesmo, sua falta de responsabilidade é vista com o distanciamento entre ele e as mulheres de sua vida onde um espaço entre eles chega a ser cômico que flerta com o irônico em determinados momentos por conta das falas que precisam ser gritadas.

As mulheres da vida de Antonin não se movimentam, ao contrário dele que não consegue ficar parado, Antonin é o tipo de homem que permite que sua impulsividade o impeça de crescer moralmente, culpando sempre a “decadência” contemporânea para seus atos enquanto as mulheres, paradas em seus lugares e mesmo com seus problemas pessoais, permanecem em estado firme o tempo todo esperando que ele amadureça.

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Maxim Gaudette em “Higiene Pessoal”

Denis Côté já é velho conhecido dos festivais de cinema e podemos ver o porquê, “Higiene Social” é um filme que é difícil de se agradar, seu roteiro é distante do expectador apesar de ter uma premissa já conhecida, a ausência de sons e músicas pode incomodar um pouco durante certos momentos e esta é uma marca já estabelecida pelo diretor que usa somente os sons naturais que capta durante as gravações. A câmera estática, extensos diálogos, longas tomadas sem corte são hipnotizantes, mas podem ser cansativas a ponto de fazer perder o interesse.

Denis Côté ganhou o prêmio de Melhor Diretor da Encontros em Berlim, seu filme é atemporal, sendo feito antes da pandemia mas se comunicando perfeitamente com ela e com anseios que são inerentes do ser humano à décadas e que continuarão a ser mesmo depois de nossa época, Denis Cotê nos mostrou um filme que sentimos que já vimos e com um protagonista que todos conhecemos na vida real, o filme quebra as barreiras cinematográficas virando um teatro a céu aberto, diversas camadas podem ser retiradas do filme desde o não passar sendo sempre uma tarde, nunca mudando como o personagem, ou as roupas que hora são de épocas passadas e outra hora são atuais. Através dessas e de muitas outras camadas fica claro o porquê de ter ganho esse prêmio em Berlim.

Veja mais:
Mais informações sobre a 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Carateca, amante de cinema, revisora e tradutora de inglês e italiano. Amo como minha profissão me conecta aos meus hobbies e com o FilmeSP conecto as pessoas aos festivais de cinema que acontecem em SP mas que são dificilmente divulgados.
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